"O Teatro foi o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia"

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Rogério de Carvalho vence o Grande Prémio da Crítica de teatro 2012

Rogério de Carvalho (Angola, 1936) é um histórico do teatro português e em 2012 assinou dois trabalhos que a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro (APCT) considera inscreverem-se num "trajecto artístico de invulgar excelência e rigor". Em 2012, Rogério de Carvalho assinou Devagar, para a companhia As Boas Raparigas, a partir de textos de Howard Barker. A companhia, da qual é director artístico, estreou a peça a 16 de Novembro no Teatro Carlos Alberto, no Porto. O encenador assinou ainda O Doente Imaginário, para o Ensemble, e que estreou no FITEI a 1 de Junho, também no Porto. O júri encontrou nestes dois trabalhos "uma singular intensidade no trabalho sobre a voz e sonoridades com o rigor da inscrição do corpo dos actores num espaço que um belíssimo jogo de luz e sombras transfigurava de forma audaciosa". A APCT decidiu distinguir também dois espectáculos. Um deles Juramentos Indiscretos, do Teatro dos Aloés em co-produção com o Teatro Nacional de São João (onde estreou a 8 de Março), que o júri considerou tratar-se de "um marco importante na nossa vida teatral". Assinado por José Peixoto, encenador "de uma dedicação sem par", trata-se, no entender da APCT, de espectáculo que, a partir de um texto de Marivaux, "um autor conhecido de nome, mas longe de ser familiar do grande público", usa "uma tradução exemplar" e cria "um trabalho de actores refinado e inteligente" e "um dispositivo cenográfico totalmente adequado aos propósitos da peça e da encenação". Ainda Salomé, da companhia Primeiros Sintomas, estreada a 17 de Maio no espaço A Ribeiro, em Lisboa. A partir do texto de Oscar Wilde, Bruno Bravo, que encenou a peça, apresentou "uma versão imaginativamente erótica e lírica da peça em ambiente espesso como nevoeiro cerrado assombrado por palavras nascidas de um desejo subversivo e belo". Também o fotógrafo João Tuna receberá uma menção honrosa, pelo modo como "a cumplicidade com encenadores, cenógrafos, iluminadores e actores, entre outros criadores, que vem fotografando ao longo dos anos, vai muito além da objectiva." Em 2012, o seu trabalho foi objecto de uma monografia, editada pelo Teatro nacional São João, Todos os Fantasmas Usam Botas Pretas, Rastros: TNSJ 1996-2009. Justifica a APCT que "os espectáculos registados parecem só ter ficado completos depois da invenção de imagens deste fotógrafo, cineasta e dramaturgo, cuja visão de mundo é um teatro por si só". O júri foi constituído por Alexandra Moreira da Silva (dramaturgista, tradutora e investigadora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto), João Carneiro (crítico no jornal Expresso), Maria Helena Serôdio (que preside à APCT), Jorge Louraço Figueira (crítico de teatro no PÚBLICO) e Rui Monteiro (crítico de teatro na revista Time Out). A entrega dos prémios decorrerá no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em data ainda a anunciar. fonte: Jornal de Público, edição de 04 de Fevereiro de 2013 Paula

domingo, fevereiro 03, 2013

"Morreste-me" no Teatro do Bairro

Morrer é “simples” Não é esse o tema de "Morreste-me" É o morrer-se para alguém…. E o doloroso caminho que se segue à perda… O reviver de momentos ….o depertar provocado por cada objeto …por cada local …”agora crueis” É o “encaixotar” de tudo isso…e o começar de novo…até ao que simbolicamente a personagem definirá como o “fechar da porta do quintal”…onde tudo fica … Ao longo da peça assistimos ao desestruturar da personagem, que luta por preencher o vazio deixado pela morte do pai… E à sua reconstrução…a criação dos seus novos “alicerces”. O cenário - genial na sua simplicidade - é um auxiliar precioso para que o público acompanhe todo o proeesso… Cada “caixa” é “aberta” para depois …ser de novo encerrada … E aquele pedaço de “quintal” …. E o cheiro intenso a terra …transporta o público “àquele “ quintal…palco das aventuras relatadas pela personagem, vividas com o pai durante a infância… Esse revivalismo…fundamental para continuar…para ganhar a certeza que de conseguirá "orientar-se". Não sou adepta do uso de meios audiovisuais no Teatro. Neste caso, no entanto, o video final foi a “cola” …o momento em que tudo fez ainda mais sentido…. O momento em que a personagem fecha as portas e as janelas da casa e parte …levando na bagagem todas as suas recordações …já “processadas” Mas, infelimente, faltou “algo”. Faltou o sofrimento …a força …a coragem e entrega … Sentimentos que não “me chegaram” através da interpretação… As palavras eram ditas…mas sem a intensidade necessária…. Ou sem que expressão fisica desses sentimentos fosse suficiente… Foi pena.... Paula